segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Casa do Escritor: “Culpas”

Culpas

Parou a chuva e foi-se o barulho gostoso dos pingos sobre o balde de metal tombado no quintal, bem embaixo da minha janela.

Foi-se o barulho dos pingos e começa a serenata dos sapos, num coaxar onde todos querem falar ao mesmo tempo, mas se entendem perfeitamente.

Aguardo o sono que há muito tempo se distanciou de mim e continuo sonhando com um mundo perfeito para o momento que estou passando. Preciso ouvir a mim mesmo para saber o que estou sentindo. É o meu momento, o mais precioso dos momentos.

Solto minha imaginação já que o físico não pode sair do lugar. Estou preso pelas grades que construí ao meu redor com as culpas, os medos, as promessas impossíveis de serem cumpridas, a palavra dada que precisa ser honrada mesmo em detrimento de minha vida, a gratidão e tantos etc.

Percebo que o meu maior inimigo sou eu mesmo com as cobranças internas não me deixando dormir e preciso lutar contra isso, talvez enganando o meu cérebro.

Começo então a sonhar acordado com um lugar distante, remando num pequeno barco, à luz do luar, num rio não muito caudaloso, num silêncio de vozes humanas. O barco me leva e escolho o melhor lugar para ancorá-lo. Monto minha barraca de camping, num lindo areal, branco como se nunca houvesse alguém pisado. Noite com a lua refletindo nas águas tranqüilas e límpidas do rio que me acolheu e me transportou para o paraíso.

Uso do som dos sapos para encobrir qualquer outro barulho que teimosamente queira tirar o meu sono e mergulho na viagem fantasiosa e milagrosa, mas passageira como a chuva.

Não há paz dentro de mim, minha consciência está pesada por culpas assumidas injustamente, não compartilhadas pelo egoísmo de quem as provocou e vou enganando o cérebro sentindo o sono chegando, como milagre, numa velocidade que faz com que o rio se misture com a lua e o coaxar dos sapos em vozes que não consigo decifrar e adormeço para uma noite completa de um sono profundo que pela primeira vez, em muito tempo, eu não conseguia ter.

Mas ao acordar, começa tudo de novo!

Sei que preciso enfrentar os meus medos, os fantasmas tão fortes que parecem indestrutíveis, mas a minha paz está do outro lado desses obstáculos e tenho que superá-los para que eu possa voltar a viver.

Não sei se vou conseguir, pois me sinto fraco diante de tantos monstros poderosos que eu criei em minha cabeça, mas tenho que lutar contra eles e destruir um por um como subir uma escada, degrau por degrau e descer do outro lado deixando o peso que carrego do lado de cá.

Que Deus me ajude!

 

Perfil do autor:

Anderson Balderrama dos Reis

Paulista da cidade de Penápolis, formado em administração de empresas, com especialização em Gerenciamento de Pessoas, autor do livro CLAREIRA, ONDE A AMIZADE É ESSENCIAL.

Contato: Fotoblog

Anderson Balderrama dos Reis

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Pequeno Luiz

é horrivel qdo nosso maior inimigo somos nós mesmos...

http://infocasa.blogspot.com

Dulce Miller

Um grande texto desabafo!
Acho que não existe alma no mundo que não tenha passado por situação semelhante, não é mesmo?
E eu me li aqui, num desses momentos de fuga antes do sono...

Beijos

Glayce Santos

Sinestesia total ao ler este texto!!!!

Mas é claro que o sol vai voltar amanhãããã, mais uma vez, eu sei!!!!!!!!!!!!!!

Tô bem nessa fase, sabia?
Rever conceitos e mudar TUDO!!!!!

Parabéns para o Anderson (amei a árvore ao fundo da foto) e beijão JUCA!!!!!

Anônimo

Anderson:
Estou preso pelas grades que construí ao meu redor com as culpas, os medos, as promessas impossíveis de serem cumpridas, a palavra dada que precisa ser honrada mesmo em detrimento de minha vida, a gratidão e tantos etc.
Seu texto fala de coisas muito profundas, das dores, dos pesares que mora no fundo de nossa alma. Parabéns pela clareza, pela leveza e pela fluência com que você escreve, fiquei encantada dês da primeira vez que li esse texto.

Juca, um beijo no sei coração tão lindo, saudades de você!

Anônimo

Oi Juca,
Escrevi um recado e sumiu antes de conseguir colar, esse negocio de escolha um perfil, isso nao da certo nao.
Bom eu dizia,( agora vou reduzir), que o texto parece um desabafo, mas que todo e qualquer texto acaba sendo um desabafo. Alguma necessidade nos leva a escrever sobre determinado tema. É preciso coragem para falar de si. E dizia ainda, que as vezes é bom tomar um remedinho para dormir. Ajuda por um tempo, nem que seja um ansiolitico. Ficar sem dormir é meio uma tentativa de controlar o mundo justo numa hora em que se esta completamente impotente- no meio da noite. Ate as farmacias estao fechadas, que dira as coisas que precisamos resolver.
Boa sorte!
Cam( cameliadepedra.blogspot.com)

Anônimo

Juca, e tem os medos reais e aqueles que inventamos, alguns até para nos proteger. Conheço gente que passa a vida posando de 'coitada' sem na realidade existir um problema. Porque ficar na redoma é confortável e a acomodação é como terra no fundo do oceano esperando uma grande onda. A partir do momento que decidimos afrontar os obstáculos que nos impomos para realização da nossa jornada, daí sim a vida começa.
Anderson, articulou muito bem o estado da alma de alguém incapaz de administrar a própria vida. Mas veja bem, para a vida ser perfeita não é necessário um equilíbrio? E para existir esse equilíbrio, não é necessário existir dois polos contrários?
Encarar os problemas com otimismo é exercício diário. Ir à luta é atitude de caráter, de honestidade consigo mesmo!
Bom fim de semana! Beijus

Anônimo

Juca, olha o que acabo de ler no blogue do Gabriel Dread (http://irradiandoluz.blogspot.com/2009/01/quem-somos-nos.html):

"O homem se torna muitas vezes o que ele próprio acredita que é. Se insisto em repetir para mim mesmo que não posso fazer uma determinada coisa, é possível que acabe me tornando realmente incapaz de fazê-la. Ao contrário,se tenho a convicção de que posso fazê-la, certamente adquirirei a capacidade de realizá-la, mesmo que não a tenha no começo"(Gandhi)

+beijus

Vanessa Anacleto

Juca, como sempre, parabéns, trouxe mais um excelente texto!

Bom, este é um comentário de contagem regressiva para a coletiva O livro da Minha Vida. Espero vc amanhã.

Abraço!

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