quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Ações contínuas em prol das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida

Não dá mais para esperar

Mara Gabrilli

Que nosso Estado siga essa trilha e seja um lugar melhor para os mais de 8 milhões que têm deficiência ou mobilidade reduzida

O MÊS de abril de 2005 está marcado na história da cidade de São Paulo. A partir dessa data, o maior município do país começou a se adaptar aos quase 3 milhões de habitantes que têm deficiência ou mobilidade reduzida. As mudanças podem ser observadas nas calçadas, nas esquinas, em diversos lugares.

Apesar de ainda haver muito trabalho, nossa paulicéia está se transformando em um lugar verdadeiramente democrático, num lugar para todos.

No abril de dois anos atrás, o então prefeito José Serra assinava o decreto 45.811, que instituía a Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida na cidade São Paulo. Foi o primeiro órgão executivo do país criado especialmente com a missão de conduzir políticas públicas a essa parcela da população.

De lá para cá, muita coisa mudou. A começar pela sensibilização: hoje se fala muito mais sobre as diferenças.

Lemos com freqüência temas relativos à deficiência nas páginas dos jornais, assistimos a isso nas novelas, ouvimos nas rádios. As pessoas falam de deficiência com mais naturalidade e menos piedade.

Quando assumi a Secretaria da Pessoa com Deficiência, o quadro de São Paulo era caótico, apesar de já acontecerem diversas ações pontuais.

A primeira grande preocupação foi atender a uma determinação do Ministério Público que obrigava todas as linhas da capital a ter um ônibus acessível. Hoje, são mais de 2.000 veículos em circulação nas 1.500 linhas da cidade. Em alguns casos, mais de um por trecho. Dos 300 veículos de dois anos atrás, saltamos para mais de seis vezes esse número -que ainda cresce todo o dia.

Outro problema gravíssimo eram (e ainda são) as calçadas -esburacadas, mal cuidadas e irregulares. Para reformar esses passeios, a secretaria montou um sistema logístico de base de dados que está determinando, a partir de informações como serviços, quais são os percursos que devem ser reformados nas 31 subprefeituras -e já refizemos mais de 200 km de calçadas. Determinamos essas rotas estratégicas para que mães com carrinhos de bebê, idosos e pessoas com deficiência consigam circular com total autonomia e segurança.

Na área da saúde, implantamos os NIRs (Núcleo Integrado de Reabilitação), uma rede especializada para o atendimento à pessoa com deficiência de forma hierárquica, regionalizada e articulada com as demais unidades do Sistema Único de Saúde. Em São Paulo, já são 27 NIRs espalhados pela cidade e mais 11 Núcleos Integrados de Saúde Auditiva.

Este ano, São Paulo sediou os 3º Jogos Mundiais de Cegos, a competição mais importante do mundo na categoria. E nossa cidade, representando o Brasil, foi escolhida como sede. Para pincelar outras ações igualmente pioneiras no esporte, cito o primeiro Fórum de Inclusão ao Paradesporto; o seminário Remar é Possível; o Inclui Sampa -primeiros jogos paradesportivos da cidade; e a reforma do Mané Garrincha, com a construção da Vila Esportiva Municipal, que será o primeiro equipamento esportivo do Brasil a seguir as normas internacionais de acessibilidade.

Pela cultura, o programa Arte Inclui levou mais de 7.000 crianças e adultos a participar da vida cultural paulistana, com a proposta de incluir pessoas com deficiência nas atividades que já acontecem em São Paulo.

Sem falar do Ler pra Crer, projeto em parceria com o Instituto Vivo que está traduzindo obras literárias das bibliotecas da cidade em braile ou gravando-as em áudio-livro. Educação e cultura para os mais de 600 mil deficientes visuais da capital.

Tenho certeza de que fui injusta, esquecendo algumas realizações e não citando importantíssimos parceiros. Mas espero ter mostrado a transformação profunda e irreversível por que nossa São Paulo está passando.

O que desejo, agora, é que nosso Estado siga essa trilha e também seja um lugar melhor para os mais de 8 milhões de paulistas que têm deficiência ou mobilidade reduzida. A cidade melhorou, mas problemas ainda existem. Agora, imagine em municípios do interior, onde esses temas ainda são debatidos timidamente.

O governador Serra encaminhou à Assembléia Legislativa um projeto de lei que cria a Secretaria Estadual da Pessoa com Deficiência que, agora, está nas mãos dos nossos deputados estaduais. E é para eles que eu peço: aprovem essa lei, e rápido. As pessoas com deficiência não devem esperar mais tempo. Senhores deputados, contamos com vocês!



MARA GABRILLI , 40, tetraplégica, psicóloga e publicitária, é vereadora da cidade de São Paulo pelo PSDB e fundadora da ONG Projeto Próximo Passo. Foi secretária Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo.

Fonte: Folha Online - Opinião

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