CRÔNICA - JOÃO SOARES NETO Ano novo João Soares Neto Estou de paquera com o novo ano. Alguém já andou falando que paquera é química interativa. Linguagem jovem, mas sou um incorrigível acreditador e não tenho medo do ano novo, pois os dias são novidade para mim, eu que levanto nas manhãs pela graça de algo superior, porquanto o sono é a eternidade, até que se acorda. Estou de amor novo com minha casa. Nada mudou, o meu olhar é que está mudando e posso sentir no que faço e penso, outro sentir. E quero elogiar o ano que termina hoje. Ele foi o passaporte que nos deu visto de entrada neste portal novo, onde as estruturas são os nossos atos, suportando o que pesa sobre nós.
Estou de paquera com o meu corpo, não de forma narcísea, mas por aceita-lo tal como é, bendizê-lo pelos prazeres que me concedeu, pela locomoção permitida e a capacidade de fazer ainda o que sempre me enlevou.
Estou amando os meus novos pensamentos, sem esquecer dos velhos, esses que se transformaram em conhecimento e me fizeram chegar até aqui, escrever estas linhas e alegre por dizer o que digo, na forma que digo e sinto.
Estou em paz com a minha alma, ela que me cobra e sanciona os meus desregramentos. Ela que me conduz pelas picadas das noites, entre lençóis ou com os olhos varando livros. Estou pensando que esta alma que não tem forma é que dá a forma do meu pensar, deixando de lado o que não vale a pena e tentando descobrir o que me regozija. E estou fazendo a minha estrada, não é essa BR toda, mas é uma vicinal conhecida, tem sombras e remanso para matar a sede. E de pé no acelerador da vida vou fazendo o meu "punta taco", acelerando e freando, pois o caminho tem curvas a vencer.
Estou de amor novo com a esperança, pois sei das tristezas que passei e as fui levando, passo a passo, para o poço do Paço, pois não há palácio que não tenha um poço. E deixei por lá os meus desenganos e estou na minha estrada, do jeito que sei guiar, sem jogar nada pela janela, olhando para o horizonte real ou imaginário, eu que misturo o fato com o sonho. Mas estou pronto para o que der e vier, faltam poucas horas e quando o sol brilhar novamente há de ser a aurora do novo ano. E se houver chuva, nem assim o ano deixará de vir, pois a água fecundará o que estava seco e fará brotar a sensibilidade que tenho guardado escondida e que de tanto ter ficado amordaçada pede para respirar. E eu deixarei que respire no ano que está vindo. Feliz Ano Novo.
Fonte:
Arte & Cultura: 07/01/2007
Agência Carta Maior
http://cartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=13228&alterarHomeAtual=1
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