quarta-feira, 8 de março de 2006

Dia Internacional da Mulher: "O poder: masculino ou feminino?"

Caros Amigos!
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Entendo que o Dia da Mulher é todo dia! Entretanto, como forma de organizar pensamentos, atos e movimentos ocorridos durante aquele ano, nada mais justo que criar um dia específico. Assim, neste "Dia Internacional da Mulher" faço aqui minha pequenina homenagem com um texto de Moacyr Scliar, muito pertinente e atual.
Aproveito para deixar abraços e beijos à minha mãe e irmãs (mulheres de valor!); às minhas amigas, algumas do dia-a-dia e outras da internet, mas todas especiais e importantes em minha vida! Obrigado a todas pela força e carinho!
Boa leitura!
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Abraços!
Juca
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O poder: masculino ou feminino?
Já tivemos e temos, no Brasil, vereadoras, deputadas, prefeitas, governadoras, ministras. Mas nunca tivemos, como no Chile, uma mulher na presidência. Faria diferença?
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Moacyr Scliar

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Michelle Bachelet
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Quando eu entrei na Faculdade de Medicina de Porto Alegre, as moças representavam menos que 10% da turma. Naquela época, havia um hino, popular entre os alunos, que dizia "Medicina, papa-fina/ não é coisa pra menina". Hoje, metade das turmas de estudantes de Medicina para as quais dou aula são do sexo feminino. É uma proporção justa, como é justa a composição do ministério da presidente do Chile, Michelle Bachelet: 50% são mulheres. Afinal, as mulheres são metade, ou mais, da população. No passado, contudo, a realidade demográfica era sacrificada por causa de uma suposta divisão de tarefas. Mulheres tinham de ficar em casa, cuidando dos filhos. Isso mudou. O casamento ocorre mais tarde, quando ocorre, o número de filhos é menor (em média 2,1 no Brasil) e, muito importante, as mulheres entraram no mercado de trabalho, o que corresponde tanto a uma necessidade pessoal como ao achatamento salarial que tornou a renda familiar insuficiente. Resultado: há mulheres em todas as profissões, inclusive nas militares.
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Mas a política resiste. Já tivemos e temos, no Brasil, vereadoras, deputadas, prefeitas, governadoras, ministras. Mas nunca tivemos, como no Chile, uma mulher na presidência. Faria diferença?
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A resposta não é tão óbvia, como mostra o caso de Margaret Thatcher, a "Dama de Ferro". Aliás, só este apelido já é meio amedrontador. Que homem namoraria uma mulher feita deste duro metal? Só o Superman, talvez, o Homem de Aço, e mesmo assim do contato entre os dois sairia muita faísca. A senhora Thatcher foi duríssima no governo. Pôde ser duríssima, porque o poder lhe permitia. Aí está a coisa: o poder não é masculino nem feminino. O poder - aquele poder consolidado ao longo de séculos, aquele poder que se traduz em uma verdadeira cultura - tem seus mecanismos próprios, como o descobrem todos aqueles que, eleitos, chegam ao governo. Porque o poder não se exerce no vazio e sim em estruturas pré-existentes, que têm a tendência a se perpetuar. Como dizem os americanos, "you think by the seat of your pants", você pensa conforme a cadeira sobre a qual estão as suas calças (notem o machismo: saia ou vestido não são mencionados). É isso, a propósito, que faz mudar a conversa de palanque.
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Estamos falando de uma coisa que existe, mas não estamos falando de inevitabilidade. O poder é assim, mas ele pode ser transformado, como o mundo se transformou. Não se trata de substituir o poder masculino por poder feminino; trata-se de modificar o poder mediante as lições que as mulheres, à custa de muito sofrimento, aprenderam. Mulheres aprenderam a cuidar, e cuidar é a principal obrigação de quem governa. Michelle Bachelet tem várias credenciais para isto: é mulher, é uma política experiente. Ah, sim, é médica, especializada em saúde pública. Na faculdade, deve ter ouvido dizer que medicina não é coisa pra menina. Provou que é. E provará também, assim o esperamos, que política pode ser coisa para mulheres.
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A melhor notícia, neste Dia Internacional da Mulher, é que está diminuindo a diferença de rendimentos entre homens e mulheres. No Brasil elas ainda ganham 30% menos para fazer as mesmas tarefas, mas isto já foi pior. O fato é que estamos corrigindo as desigualdades econômicas, como corrigimos no passado as desigualdades políticas, ao reconhecer o sufrágio feminino como um direito. Ainda falta muita coisa, mas chegaremos lá.
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Fonte:
Agência Carta Maior
O poder: masculino ou feminino?

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