O Brasil e a Falta de Vergonha!

Caros Amigos!

Este texto nos faz refletir sobre algo muito simples, mas que tem sido esquecido por todos, principalmente por quem detém o poder neste país: a vergonha. O autor coloca de forma veemente que este é um item há muito deixado de lado por todos; e como seria bom para todos, ao menos para os mais necessitados, se os governantes e todos aqueles que têm o poder de "fazer" acontecer, considerassem-na pelo menos algumas vezes na vida.

Acho que realmente faria uma grande diferença na mesa e na barriga dos que passam fome. Tantas outras mazelas sociais seriam menos cruéis. Nem é preciso tanto assim, apenas um pouquinho de boa vontade. E que não fosse assunto apenas de Final de Ano, de Véspera de Natal!
Boa leitura!

Abraços!
Juca

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Última Instância - Revista Jurídica
Papai Noel e o Brasil

Josué Maranhão

SÃO PAULO (SP) – Por que não se pode acreditar em Papai Noel, principalmente se for para melhorar a vida do povo?
(...)
O certo é que a manhã do Dia de Natal é mais alegre, as crianças correm e brincam com os novos brinquedos que tiverem recebido na véspera. O barulho será o maior sinal da alegria infantil. É a bola nova que bate onde não deve, o carrinho elétrico que faz barulho, a boneca que fala e chora, ou a bicicleta que provoca tombos que, nem sempre são sequer notados.

Valeria a pena imaginar-se que houvesse também um Papai Noel excepcional que, ao contrário das crianças, pudesse dar um presentes de imensa importância para todo o povo. Que bom seria se, a partir de domingo, Dia de Natal, o Brasil tivesse algumas novidades que tornassem a vida do povo melhor.

Seria ótimo se a nação inteira pudesse comemorar um presente fora do comum que Papai Noel tivesse deixado.Bastaria que ele conseguisse incutir na mente dos dirigentes do país, na cabeça e na alma dos governantes, uma coisa muito importante e que tem sido tão rara: vergonha.

(...)
A vergonha seria o bastante para fazer os governantes pensarem mais no povo do que neles próprios.

A vergonha seria o bastante para que os governantes procurassem empregar os recursos públicos, o dinheiro arrecadado com a cobrança de tantos impostos, em favor do povo, em benefício da população.

A vergonha seria o bastante para garantir que se tornasse realidade aquilo que foi prometido e não foi cumprido: que houvesse comida para todos e que se acabasse com a fome.

A vergonha seria o bastante para garantir que todas as crianças tivessem um lar e não mais fossem encontradas fazendo malabarismos nas esquinas, para ter um prato de comida.

A vergonha seria o bastante para garantir que a educação estivesse à disposição de todos, que as escolas tivessem vagas e não houvesse necessidade de se pagar caro para se ter o direito de aprender.

Existisse vergonha se evitaria que o Estado não continuasse sendo uma utopia, que somente se faz presente para beneficiar uma minoria e explorar a maioria.Tivesse Papai Noel os poderes suficientes para impor a vergonha, seria imensa a barulheira que o povo faria, na manhã do Dia de Natal, comemorando o maior presente que poderia receber.

Resta ter esperança e acreditar que Papai Noel existe e se lembrará do Brasil.

Viva Papai Noel!

Sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Josué Maranhão é jornalista e advogado aposentado. Iniciou-se como jornalista no Nordeste, na década de 1950. Atuou durante 15 anos, tendo exercido diversas funções em redações de jornais. Formado em direito pela UF-RN, advogou em Natal e foi juiz em Recife, nos anos 1960 e 70. Em São Paulo, trabalhou como advogado durante mais de 20 anos. Mudou-se para o exterior em 1996. Morou na Indonésia e na Malásia. Reside em Boston (EUA) desde 1998, quando voltou ao jornalismo.