segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Uma escolha para a história (editorial The Guardian)

Crédito: The Guardian

Ainda em sintonia com o post anterior, que fala sobre mudanças climáticas, e em decorrência da COP-15 (Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas) que acontece entre os dias 7 e 18 deste mês em Copenhague (Dinamarca), transcrevo abaixo o editorial do The Guardian que dá título ao post e que foi publicado simultaneamente por 56 jornais de 45 países como forma de protesto e alerta, sendo que apenas dois do Brasil (Zero Hora e Diário Catarinense) aderiram ao manifesto. Texto em português retirado do Zero Hora.

Hoje, 56 jornais de 44 países dão o passo inédito de falar com uma só voz, por meio do mesmo editorial. Tomamos essa atitude porque a humanidade enfrenta uma séria emergência.

Se não nos unirmos para tomar uma ação decisiva, as mudanças climáticas devastarão nosso planeta, acabando também com nossa prosperidade e nossa segurança. Os perigos têm se tornado evidentes há uma geração. Agora, os fatos começaram a falar por si: 11 dos últimos 14 anos foram os mais quentes já registrados, o gelo do Ártico está derretendo e a alta nos preços do petróleo e dos alimentos no ano passado é um exemplo do caos que pode estar por vir. Nas publicações científicas, a questão não é mais se os seres humanos devem levar a culpa pelo que está acontecendo, mas quão curto é o tempo que temos para reduzir os danos. Até aqui, a resposta mundial tem sido fraca e sem entusiasmo.

As mudanças climáticas foram causadas ao longo de séculos e têm consequências que durarão para sempre. As nossas chances de frear o problema serão determinadas nos próximos 14 dias. Apelamos aos representantes dos 192 países reunidos em Copenhague a não hesitar, não entrar em disputas, não culpar uns aos outros, mas aproveitar a oportunidade advinda deste que é o maior fracasso político moderno. Esta não deve ser uma luta entre ricos e pobres ou entre Ocidente e Oriente. As mudanças climáticas afetam a todos e devem ser resolvidas por todos.

A ciência envolvida é complexa, mas os fatos são claros. O mundo precisa agir para limitar a 2ºC o aumento da temperatura global, um objetivo que exigirá que as emissões mundiais de gases-estufa alcancem um teto e comecem a cair nos próximos cinco a 10 anos. Um aquecimento maior, de 3ºC a 4ºC – o menor aumento que podemos esperar se continuarmos sem fazer nada –, poderá levar seca aos continentes, transformando áreas agrícolas em desertos. Metade das espécies poderá ser extinta, milhões de pessoas poderão ser desalojadas, nações inteiras inundadas pelo mar.

Poucos acreditam que Copenhague ainda possa produzir um tratado definitivo; progresso real nessa direção só pôde surgir com a chegada do presidente Barack Obama à Casa Branca e com a reversão de anos de obstrucionismo americano. Mesmo agora, o mundo se encontra dependente da política interna americana, pois o presidente não pode se comprometer completamente com as ações até que o Congresso americano o faça.

Mas os políticos em Copenhague podem e devem definir os pontos essenciais de um acordo justo e efetivo e, especialmente, estabelecer um cronograma para transformá-lo em um tratado. O encontro sobre o clima das Nações Unidas em junho próximo, em Bonn (Alemanha), deveria ser o prazo final. Como um negociador colocou: “Nós podemos ir para a prorrogação, mas não podemos bancar uma nova partida”.

No coração do acordo, deve estar um acerto entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, determinando como o fardo do combate às mudanças climáticas será dividido – e como partilharemos um novo e precioso recurso: os trilhões de toneladas de carbono que poderemos emitir antes que o mercúrio do termômetro atinja níveis perigosos.

As nações ricas gostam de citar a verdade matemática de que não pode haver solução até que gigantes em desenvolvimento como a China tomem atitudes mais radicais do que as adotadas até agora. Mas o mundo desenvolvido é responsável pela maior parte do carbono acumulado na atmosfera – três quartos de todo o dióxido de carbono (CO2) emitido desde 1850. Por isso, precisa tomar a liderança: todos os países desenvolvidos devem se comprometer a fazer cortes profundos, reduzindo suas emissões dentro de uma década a níveis muito mais baixos do que os de 1990.

Os países em desenvolvimento podem argumentar que não causaram a maior parte do problema e também que as regiões mais pobres do mundo serão atingidas com mais força. Mas passarão a contribuir cada vez mais para o aquecimento global, e, deste modo, devem se comprometer a agir de forma significativa e quantificável por conta própria. Apesar de ficar aquém do que muitos esperavam, o recente comprometimento dos maiores poluidores do mundo, Estados Unidos e China, com metas para redução de emissões foi um importante passo na direção certa.

A justiça social exige que o mundo industrializado coloque a mão no fundo do bolso e reserve dinheiro para ajudar os países mais pobres a se adaptar às mudanças climáticas, assim como a investir em tecnologias limpas que permitam seu crescimento sem aumentar as emissões. Um futuro tratado também deve ser muito bem esboçado – com rigoroso monitoramento multilateral, compensações justas para a proteção de florestas e avaliações confiáveis de “emissões exportadas”, para que o custo possa, com o tempo, ser dividido de forma mais equilibrada entre os que elaboram produtos poluentes e aqueles que os consomem. E a justiça requer que o peso com o qual cada país desenvolvido deve arcar individualmente leve em conta sua capacidade de suportá-lo; novos membros da União Europeia, por exemplo, normalmente muito mais pobres do que os antigos, não devem sofrer mais do que seus parceiros ricos.

A transformação custará caro, mas muito menos do que a conta paga para salvar o sistema financeiro mundial – e imensamente menos do que as consequências de não se fazer nada.

Muitos de nós, particularmente no mundo desenvolvido, terão de mudar seus estilos de vida. A era de voos que custam menos do que a corrida de táxi até o aeroporto está chegando ao fim. Teremos que comprar, comer e viajar de forma mais inteligente. Teremos de pagar mais pela nossa energia e usá-la menos.

Mas a mudança para uma sociedade de baixo carbono traz a perspectiva de mais oportunidades do que sacrifícios. Alguns países já descobriram que adotar a transformação pode trazer crescimento, empregos e uma melhor qualidade de vida. O fluxo de capital conta a sua própria história: no ano passado, pela primeira vez, o investimento em fontes renováveis de energia foi maior do que na produção de eletricidade a partir de combustíveis fósseis.

Abandonar nossa dependência do carbono dentro de poucas décadas requererá uma façanha de engenharia e inovação sem precedentes na história. Porém, enquanto a ida do homem à Lua e a fissão do átomo nasceram do conflito e da competição, a corrida do carbono que vem por aí deve ser liderada por um esforço conjunto para atingir a salvação coletiva.

A vitória sobre as mudanças climáticas exigirá o triunfo do otimismo sobre o pessimismo, da visão sobre a miopia, o êxito do que Abraham Lincoln chamou de “os melhores anjos da nossa natureza”.

É nesse espírito que 56 jornais de todo o mundo se uniram por meio deste editorial. Se nós, com tantas diferenças de perspectiva nacional e política, podemos concordar sobre o que deve ser feito, então certamente nossos líderes também poderão.

Os políticos em Copenhague têm o poder de moldar o julgamento da História sobre esta geração: uma geração que viu um desafio e o encarou, ou uma geração tão estúpida, que viu o desastre chegando mas não fez nada para evitá-lo. Imploramos que façam a escolha certa. (sem grifo no original)

Crédito: The Guardian

Li aqui sobre o assunto e resolvi também aderir à iniciativa, já que o texto está nos moldes do Creative Commons. Aqui também foi publicado.

11 Recado(s). Após o sinal, deixe o seu!:

Max Coutinho

Oi Juca,

Pois é...esperemos que façam a escolha certa mesmo!

Já ouviste falar do Climategate?

É bom ver que estás de retorno aos temas quentes ;)...

Beijos

Dulce Miller

"A Melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio
de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida"

Desejo a você e sua família
um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de Paz,Amor, Saúde e Amizade.

Beijo no coração!

Te amo, Juca!

**Viver a Alma**

Viva Juca
O que eu pasmo é como o nosso Planeta se sujeita - como Ser vivo que é - que os "senhores" quE governam o mundo se reúnam a fim de discutir toda a poluição que se gera...para que a nossa CASA respire e viva melhor!!! Quem são eles para decidir agora, o contrário daquilo que fizeram ao longo de centenas de anos?!
Apenas manobras de diversão!
Esqueceram-se do VERDADEIRO e ÙNICO SENHOR NOSSO, que os deixou livres nas escolhas e como PAI amoroso que é nunca lhes mostrou quem é QUEM!! E nunca os fez explodir como um vulcão, a fim e não mais destruírem a SUA CREAÇÂO!
E estas "convençõeszinhas" e "acordozinhos" de gente que não é ninguém, decerto chegaram a soluções precárias, porque as suas intenções serão sempre as mesmas: O LUCRO, A AMBIÇÃO, e o FACTO DE SE VERGAREM AO "outro senhor"!

Coitadinho do nosso PLANETA ao que o sujeitam!

Vim aqui com o firme propósito de desejar um feliz e harmonioso Natal e que Ano 2010 seja surpreendente fora da matéria...porque afinal poucos são os que têm consciência que não pertencem aqui...

Abraço meu
Mariz

Luma Rosa

Eu tenho comigo que existe uma conspiração, já que agora é modinha - tudo é conspiração, já que às vésperas do evento, surgiram com um 'alguém' que disse que manipulou dados de pesquisas e bla, bla, bla... queriam sabotar o evento, mas porquê? Daí penso que o grande plano dos países ricos é dizimar com a população pobre do planeta. Pense! O que ajudou a aquecer o planeta, foi o crescimento desenfreado da população e sua inconsequente ocupação.
Brincadeira! Mas muito estranho que os bancos centrais mundiais liberem verbas para os ricos ao invés de investirem no resgate de civilizações.
Feliz ano novo!! Beijus,

Anônimo

Olá
Gostei de conhecer seu blog, parabéns pela qualidade apresentada.
Tenho um blog de variedades espero sua visita, caso seu blog esteja aberto a parcerias podemos trocar links ou banners.
Valeu
Cleisson

julimara Conceição Santos

olá tio,

adorei o blog,muito criativo.Desde que falou que tinha um blog fiquei procurando,enfim encontrei.
Parabéns pela iniciativa,de abordar uma questão tão seria,está na hora de todos nós nos comprometermos com as questões socioambientais,as mudanças devem partir do local para o global,não da pra ficar esperando só que os governates façam,precisamos começar uma mudança em casa,na escola,no local de trabalho,na comunidade....Eu também já abracei esta causa.Continue divulgando.

beijos,saudades

juli,
Salvador,Brasil.

Silvia Masc

Olá Juca,

Nõ discuto em hipótese alguma, a necessidade de melhor cuidarmos do nosso planeta, porém observo hoje principalmente nas empresas muitas delas que se auto intitulam de"ecológicamente responsáveis" e "socialmente responsáveis" no entanto, não respeitam as "pessoas". Recentemente,fui procurar em um produto,fabricado por uma dessas empresas socilamente responsáveis, o telefone do SAC, só encontrei depois de fazer uso de uma lupa, o número está em um micro selo verde claro, escrito em branco com micro letras. Liguei para reclamar do produto, e também reclamei sobre isso, penso que devemos cuidar do planeta, da fauna da flora e das PESSOAS.
abraços

Parabéns pelo seu blog!Parabéns pra você!

Dulce Miller

Juca, tô sem internet hoje (cortaram) e tô sem crédito pra te ligar, tô com saudades, se puder me liga de noite, depois das 20 horas, tenho uma entrevista às 18!

Beijo

Urbano Leonel Sant' Anna

Juca, cadê tu?

Abração,

Urbano

Dulce Miller

O objetivo de um ano novo não é que nós deveríamos ter um ano novo. É que nós deveríamos ter uma alma nova - [Gilbert Keith Chesterton]

Feliz Natal e eu AMO TU :D

Barbara Ursulla Guimarães

Tenho plena consciencia de faço a minha parte. Esse sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano vivenciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu mundo...que esta em volta. a maioria das pessoa não percebe que é problema nosso sim.
Beijos Juska

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