quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Blog Action Day 2008: Pobreza

Crédito: Blog Action Day: Pobreza!

O Blog Action Day deste ano (15 de outubro) traz como tema a pobreza. Sendo assim, a discussão hoje pela blogosfera girará em torno da pobreza mundo afora, com suas consequências nefastas no dia-a-dia de milhões de pessoas.

Hungry PlanetAlemanha: família Melander, de Bargteheide
Gastos com alimentação por semana: 375.39 Euros (cerca de US$500.07)*

Como não poderia deixar de ser, abordarei aqui o que se passa em termos de pobreza no Brasil, o que se discute, o que foi feito e o que se pretende fazer. Aproveito um artigo muito interessante de Ricardo L. C. Amorim e faço minha sua indagação: A pobreza já foi medida. E agora?

Hungry PlanetEstados Unidos: A família Revis, da Carolina do Norte
Gastos com alimentação por semana: US$341.98*

Um país enorme, rico e... pobre! Essa é uma contradição antiga. No Brasil, a pobreza já chegou a ser confundida bucolicamente com a imagem das fazendas na primeira metade do século XX. Porém, a industrialização e a urbanização, a partir de 1930, tornaram seu peso tão gritante e destacado frente à riqueza disponível, que pensadores descreveram nossa sociedade por meio de opostos, dualidades. Na verdade, o desconcerto entre a pobreza contemporânea, numerosa e bárbara, e a imagem de um país que se quer cosmopolita e moderno é sintomático de uma sociedade fraturada com uma cidadania incompleta.

Hungry PlanetItália : A família Manzo, da Sicília
Gastos com alimentação por semana: 214.36 Euros (cerca de US$260.11)*


Então medem-se, estimam-se, criam-se índices, debatem-se números, contradizem-se métodos, formulam-se modelos econométricos, sofisticam-se indicadores, discutem-se filtros, derramam-se rios de tinta desenhando fórmulas sobre o papel, mas raramente, nas duas últimas décadas, os economistas se perguntaram francamente por que há tantos pobres no país. É uma pergunta básica, simples, quase inevitável e, no entanto, passou anos despercebida por trás da cortina de números e índices que só faziam medir o tamanho da pobreza com maior ou menor precisão. Acontece que esse exercício já ultrapassou os limites do bom senso, pois todos os indicadores mostram que a pobreza é enorme, concentrada nas grandes cidades e envia sinais contraditórios de rebeldia e esperança.

Hungry Planet

México: A família Casales, de Cuernavaca
Gastos com alimentação por semana: 1,862.78 Pesos Mexicanos (cerca de US$189.09)*


No passado, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) tentou responder a essa questão e culpou a incapacidade dos setores exportadores modernos de absorver a mão-de-obra disponível, obrigando-a à subsistência. A saída apontada, então, era a industrialização. Porém, a indústria veio e a pobreza continuou.

Hungry Planet

Polônia: A família Sobczynscy, de Konstancin-Jeziorna
Gastos com alimentação por semana: 582.48 Zlotys (cerca de US$151.27)*

Na análise dos determinantes da pobreza, lembremos que a industrialização com forte urbanização foi acompanhada em grande parte pela repressão aos movimentos organizados dos trabalhadores urbanos e por barreiras à criação de sindicatos de trabalhadores rurais. E o Brasil carregou durante o ciclo de expansão econômica de 1930 a 1980 uma situação social escandalosa. Essas características clássicas da pobreza são, na verdade, sintomas, conseqüências da ausência de reformas no campo, da pouca ação social do Estado e da fraqueza dos movimentos trabalhistas. Ou seja, evitou-se fazer as reformas capitalistas necessárias (agrária, social e tributária) num país que se quer moderno e justo.

Hungry Planet

Egito: A família Ahmed, de Cairo
Gastos com alimentação por semana: 387.85 Libras Egípcias (cerca de US$68.53)*

O problema agravou-se quando o Brasil se afastou do crescimento econômico e somou, à antiga pobreza, uma nova. Ou seja, as políticas econômicas neoliberais dos anos 1990 geraram um novo contingente de pobres, diferente do tradicional. Os novos pobres têm alguma escolaridade, vêm de famílias pequenas, são urbanos e estão desempregados. O que fazer, então? O fundamental é o desenvolvimento das forças produtivas do país, mas esse desenvolvimento é permanentemente embotado pela condição periférica e dependente. O capital e seus proprietários urbanos não revolucionaram o país quando assumiram o poder e tampouco enfrentaram o capital estrangeiro. Preferiram posicionar-se como sócio menor, mas estável, da acumulação capitalista mundial.

Hungry Planet

Equador : A família Ayme, de Tingo
Gastos com alimentação por semana: US$31.55*

Isso coloca dois desafios para se vencer a pobreza. Se a ação do Estado e o crescimento são imprescindíveis, então: (1) do lado fiscal, como alcançar a progressividade da estrutura tributária brasileira? No mesmo tom, como redirecionar os gastos públicos em favor do investimento público, reduzindo o pagamento de juros?; (2) do lado social, como democratizar a sociedade, fortalecendo os trabalhadores, sem que os grupos conservadores desestabilizem mais uma vez a legalidade? Claro é, portanto, que os desafios são imensos, as resistências fortes e inexistem modelos. Mas longe de acomodar-nos em medições, em saber mais do já sabido, é preciso criar o futuro. É preciso saber que cabe a nós plantar as soluções para aquelas maiores chagas: a pobreza e a desigualdade. Clique aqui para ler a íntegra do artigo... (formato PDF) Fonte: Revista Desafios do Desenvolvimento.

Hungry Planet

Butão: A família Namgay, de Shingkhey Village
Gastos com alimentação por semana: 224.93 ngultrum (cerca de US$5.03)*

É importante que eventos como este continuem sendo realizados, pois só com a participação e a discussão sobre temas tão indigestos é que poderemos  tentar entender melhor porque, em pleno século 21, situações de miséria, pobreza e fome ainda assolam a humanidade.

Hungry Planet

Chade: A família Aboubakar, de Breidjing Camp
Gastos com alimentação por semana: 685 Francos do Chade (cerca de US$1.23)*

*As fotos inseridas ao longo do texto pertencem ao livro "Hungry Planet". Pode-se medir o nível de pobreza com base no que uma família consome semanalmente, daí a relação fome-pobreza que as fotos procuram demonstrar. Fonte das imagens: Blog Action Day Brasil: A comida no mundo

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Anônimo

É Juca, infelizmente temos que nos deparar com essa sociedade tão pobre, tão desigual. Enquanto uns tem taaanto para comer, outros tem menos de um terço dessa alimentação toda, sem contar no desperdício que é mais que evidente. Temos sim como mudar essa dura e triste realidade, não é?!
É visível a deseigualdade entre os povos, e gritante também, será que se essas famílias que têm tanto ajudassem as outras não estaríamos aos poucos combatendo essa desigualdade.
Quando os meus sobrinhos estão em casa e nas horas das refeições vem com aquela história de "eu não gosto disso" "não gosto do outro", eu jogo logo a realidade nua e crua. Tá certo que eles têm 9 e 4 anos, mas nunca é cedo para aprender. E quem sabe com essa nova geração ai podemos aos poucos dando outra cara para nossa dura e triste realidade??!!
Seu post ficou perfeito demais!!!
Beijão, Juca!!!


*Ah, e mto obrigada pela mãozona que deu no meu post, sem vc ele nem existiria, viu?!!
Beijos

Parabéns meu lindo por também ter abraçado brilhante iniciativa.

Post perfeito Juca, a realidade é mais que cruel.
Faço parte de um pequenino grupo de voluntárias, mas aos poucos vamos tentando fazer pelo menos a parte espiritual desses nossos irmãos.
- “Nós mesmos sentimos que o que fazemos é uma gota no oceano. Mas o oceano seria menor se essa gota faltasse.”
Madre Teresa de Calcutá

Beijos meu lindo!

Anônimo

Belíssimo post , Juca!
Qualquer que seja a medida tomada, antes ela tem que ser política. Qualquer outro tipo, é paliativa.

Juca

Pois é, Su, quando coloquei as imagens pensei exatamente nisso, no desperdício de alimentos e o quanto isso faria de diferença na mesa de tantas famílias.

Também procuro mostrar aos meus sobrinhos sobre a real situação de muitas crianças por aí. Nem toco nos adultos porque acho que falando de crianças talvez eles se compadeçam mais. :-)

Espero e quero acreditar que eles possam melhorar essa situação absurda de hoje. Tomara!!

Beijos, Su!

Juca

Tem razão, Rô! Se fizermos algo, por menor que seja, para mudar essa realidade, a soma de toda essa movimentção em prol do bem poderá trazer resultados surpreendentes.

Não podemos ficar esperando só pelo Governo, mas devemos cobrar que ele faça sua parte.

Obrigado! Beijos!

Juca

Pois é, Cidão! Sem boa vontade política o resultado será bem mais demorado. E a vida não pode esperar, a fome bate à porta de muitas pessoas diariamente.

Abração!

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