terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

O Brasil precisa de um novo JK!

Caros Amigos!

Trago uma matéria muito especial, pois trata-se de um personagem da história recente do Brasil. Um homem de visão, que governou este país no final da década de 50, que trouxe o progresso tão necessário, lançando nosso país rumo ao futuro. Estou falando, obviamente, de JK - Juscelino Kubitschek de Oliveira -, médico mineiro por vocação e político por obstinação e amor ao próximo.

Após tantos presidentes, JK ainda é o mais lembrado como aquele que colocou o Brasil na rota do progresso e da globalização. Bem que nosso país está precisando de um novo JK para tirá-lo deste marasmo em que se encontra, nada de importante e de projeção internacional ocorre desde então. Apenas vive-se o dia-a-dia e pronto! Parece que isto já nos basta!
Bom, deixo-os com JK! Boa leitura!

Abraços!
Juca

Revista História Viva
Edição 27, janeiro de 2006

JK, uma modernização conservadora

por Lucilia de Almeida Neves Delgado

Juscelino Kubitschek no Estádio Independência,
em Belo Horizonte MG, em julho de 1960

Em outubro de 1955, Juscelino Kubitschek foi eleito presidente da República. Seu projeto governamental era, essencialmente, desenvolvimentista e já fora por ele testado em duas ocasiões. Quando prefeito nomeado de Belo Horizonte, à época da ditadura do Estado Novo, e quando governador de Minas Gerais, eleito pelo Partido Social Democrático (PSD) para o mandato de 1951 a 1955. Nos dois períodos implementou um modo de governar arrojado e empreendedor.
O sucesso como administrador - que continuaria na presidência - e a personalidade cativante, fizeram dele um personagem capaz de arrebanhar espectadores diversificados, como na minissérie da TV, e leitores atentos como os do livro JK - Juscelino Kubitschek, o presidente bossa-nova, recém-lançado pela Editora Globo.
Como prefeito, JK foi influenciado pelo projeto de modernização do Brasil empreendido pelo governo ditatorial de Getúlio Vargas. Provocou verdadeira revolução na cidade de Belo Horizonte, em especial na área da construção civil: alargou avenidas, abriu novas ruas, pavimentou outras, construiu hospitais, ergueu barragens e inaugurou um arrojado conjunto de edificações e de áreas para lazer, o complexo da Pampulha, que teve como arquiteto Oscar Niemeyer.
Como governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek também apostou no progresso e teve como meta primordial modificar as bases econômicas do estado, que eram agrícolas, transformando-as em urbanas e industrializadas. Seu principal combustível foi o binômio energia e transportes. Por isso, investiu pesado na construção de importantes usinas hidrelétricas, como a de Salto Grande, a de Itutinga e a do Alto Paraíba. Também procedeu à organização das Centrais Elétricas de Minas Gerais, a Cemig, que se expandiu como empresa modelo do setor hidrelétrico nacional.
Na área da siderurgia, apoiou a implantação da Manesmann. E para que os produtos industriais pudessem ser escoados e distribuídos por todo o estado construiu 16 estradas-tronco, num total de 3.087 km.
A chegada desse filho de Diamantina à Presidência da República foi precedida por uma crise política. Seus opositores desencadearam forte campanha, que visava impedir sua posse, pois, segundo eles, JK não havia sido eleito por maioria absoluta dos votos. Ele assumiu então o poder por meio de um "golpe preventivo", apoiado pelo exército. O Brasil de 11 de novembro de 1955 a 31 de janeiro de 1956, posse de Juscelino, foi governado por medidas de exceção, que visaram garantir a transferência do cargo de presidente, como previa a legislação eleitoral.
Empossado, Juscelino preocupou-se, portanto, em garantir a estabilidade política, pois tinha ousados planos para o Brasil. Nesse sentido buscou, junto a políticos, empresários, militares e órgãos de imprensa, apoio para seu projeto de desenvolvimento econômico, que tinha com o mote crescer "cinqüenta anos em cinco".
Quanto aos movimentos sociais, encarregou seu vice-presidente, o trabalhista João Goulart, que era muito admirado pelos trabalhadores, de manter vivo o diálogo com o movimento sindical. Essa iniciativa foi inspirada por dois objetivos: conquistar o apoio dos trabalhadores para seu plano econômico e neutralizar possíveis manifestações, como greves, que pudessem chamuscar o clima de otimismo e prejudicar as metas econômicas governamentais.
Logo na primeira reunião ministerial criou o Conselho do Desenvolvimento e apresentou seu Plano de Metas. Tratava-se de um plano qüinqüenal, que visava alcançar objetivos que, se cumpridos, poderiam, segundo os economistas do governo, eliminar os principais pontos de estrangulamento do sistema econômico brasileiro. Eram 31 metas, distribuídas em seis grandes grupos: energia, transportes, alimentação, indústrias de base, educação e a construção de Brasília, que era identificada como meta síntese do programa de modernização do Brasil.
A opção econômica do governo JK, apesar de ser comumente denominada de nacional desenvolvimentismo, foi mais desenvolvimentista do que nacionalista e se sustentou em uma base composta pelo Estado, por empresas nacionais, pelo capital internacional e por empresas multinacionais. A cada um deles foi destinada uma atribuição.
Ao Estado coube a tarefa de atuar, sobretudo, no planejamento e execução de obras de infra-estrutura, como estradas de rodagem, destinadas à circulação de mercadorias, e barragens para implantação de usinas hidrelétricas.Às empresas nacionais coube produzir mercadorias de consumo básico, os chamados bens de consumo não duráveis, como tecidos, alimentos, calçados e produtos de higiene.
Ao capital internacional coube o financiamento da maior parte das obras de infra-estrutura, por meio de empréstimos concedidos de governo a governo ou por bancos privados ao governo brasileiro. Esses bancos cobravam altos juros e estabeleciam prazos curtos para pagamento das dívidas, o que pressionou, sobremaneira, a economia nacional nos anos subseqüentes ao qüinqüênio de Juscelino.
As empresas multinacionais investiram no pólo industrial de bens de consumos duráveis, como automóveis, televisões, geladeiras, liquidificadores, aspiradores de pó, batedeiras, entre outros. O acesso a bens de consumo duráveis mudou o cotidiano das classes alta e média brasileiras.Também às multinacionais foram destinadas indústrias de alta rentabilidade e de tecnologia de ponta, como as químicas, as eletrônicas e as de medicamentos.
O desenvolvimentismo de JK promoveu, portanto, uma grande abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro. O país alcançou, com rapidez, um novo patamar de desenvolvimento urbano, industrializado e moderno. Mas, como o Brasil não tinha reservas para sustentar os inúmeros investimentos em infra-estrutura levados adiante pelo governo federal, foi necessário recorrer a empréstimos externos, que contribuíram para aumentar a dependência econômica do país.
Na esfera administrativa, para agilizar procedimentos e minimizar os efeitos da rotina burocrática, muito própria à esfera pública, e para facilitar os investimentos nos programas considerados prioritários pelo governo, foram criados órgãos paralelos à administração pública.
Sob inspiração de Celso Furtado, com o objetivo de promover o desenvolvimento do Nordeste e de implementar programas sociais que pudessem neutralizar os efeitos da seca na região, foi criada a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Para definir e implementar as diretrizes da indústria automotora foi criado, por decreto presidencial, o Grupo Executivo da Indústria de Automobilística. O Geia sugeriu que fosse incentivada a produção de caminhões, veículos utilitários e de carros para passeio, com investimento de capitais privados, principalmente estrangeiros.
Atraídas pelas facilidades fiscais e pela potencialidade do nascente mercado de bens de consumo duráveis, aportaram então, no Brasil, empresas como Willys Overland, Ford, Volkswagen e General Motors. A indústria de produção de automóveis concentrou-se no ABC paulista.
O governo JK foi muito influenciado por algumas instituições, que reuniam importantes segmentos da intelectualidade brasileira. Dentre elas se destacaram o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb) e a Cepal.
O Iseb foi fundado em 1955, como um desdobramento reformulado e ampliado de duas organizações: a Liga de Emancipação Nacional, que era integrada, basicamente, por comunistas e que, em função de suas contundentes proposições nacionalistas, foi fechada pelo próprio Juscelino, assim que se tornou presidente da República; e o Grupo Itatiaia, que reunia intelectuais dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, defensores de um nacionalismo menos radical. A maioria dos membros do Iseb era formada por pensadores nacionalistas, influenciados pelas idéias da Cepal, entre eles Hélio Jaguaribe, Roland Corbisier, Alberto Guerreiro Ramos, Nelson Werneck Sodré, Cândido Mendes e Álvaro Vieira Pinto.
O Iseb era vinculado ao Ministério da Educação e da Cultura e se apresentava como um órgão de vanguarda do pensamento desenvolvimentista. Apesar de muitas de suas formulações caminharem na contramão da internacionalização da economia promovida por JK, importantes membros da organização apoiavam, mesmo que de forma paradoxal, a estratégia governamental destinada à industrialização do Brasil.
A Cepal era uma organização que reunia a nata do pensamento desenvolvimentista latino-americano. Vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), postulava que a industrialização era o principal caminho para superação do subdesenvolvimento dos países da América Latina. Um de seus economistas, o brasileiro Celso Furtado, coordenou ações da Cepal em conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), para elaboração de um estudo, que ficou conhecido como "Esboço de um programa de desenvolvimento para a economia brasileira no período de 1955 a 1960". Esse estudo serviu de base para elaboração do Plano de Metas, que, entretanto, não considerou como prioridade uma de suas principais recomendações: a reforma agrária.
O êxito do governo federal na implementação de seu programa de crescimento de "cinqüenta anos em cinco" foi impressionante, em especial no que diz respeito aos investimentos na industrialização e à construção de inúmeras estradas de rodagem, agregadas ao projeto denominado de "correio rodoviário".
O Brasil cresceu a uma taxa média anual de 8,1%. Entre os anos de 1955 e 1960, as montadoras de veículos aumentaram em progressão geométrica sua produção, chegando ao número de 321 mil unidades. Os números revelam um dinamismo econômico inédito no país. Naquele período, segundo dados apresentados pelo historiador Boris Fausto, a produção industrial cresceu em 80%, sendo que a indústria de aço alcançou 100% de crescimento, a de eletricidade e comunicação 380% e a de material de transporte, 600%.
Na memória dos brasileiros a representação sobre o tempo de Juscelino é marcada por otimismo, ousadia e valorização do novo. Mesmo porque até nas atividades culturais e artísticas o culto ao novo cresceu e se solidificou. A bossa nova, com seu ritmo suave e influenciado pelo jazz, contaminou a juventude oriunda da classe média. O cinema novo renovou a estética e a temática da indústria cinematográfica nacional. Os grupos de teatro Arena e Oficina foram marcos de inovação nas artes cênicas. A construção de Brasília revolucionou a arquitetura e o urbanismo.
Brasília traz elementos que podem ser considerados as principais virtudes e os maiores problemas dos anos JK. Simboliza o projeto de interiorização do desenvolvimento, que Juscelino assumiu como um dos principais objetivos de seu governo. Representa também a meta de modernização e de renovação que se queria tornar realidade no Brasil. Sua forma de avião sintetiza o propósito do Brasil de alçar vôo em busca da construção do futuro.
Mas Brasília traduz também as principais contradições do desenvolvimentismo juscelinista. Construída em 41 meses por 30 mil operários, na sua maioria, vindos do Nordeste e conhecidos como candangos, consumiu recursos extraordinários, contribuiu para um maior endividamento do Brasil e para o crescimento da inflação.
De fato, o desenvolvimentismo dos anos JK, que tanto seduz os brasileiros, deve ser também analisado sob o ângulo dos problemas que gerou. Dentre eles destaca-se o crescimento da inflação. Juscelino herdou uma taxa inflacionária de 12,5% e terminou seu mandato com uma espiral inflacionária crescente de 30,5%.
Também o salário real sofreu forte desgaste, uma vez que os aumentos salariais nominais não foram suficientes para contornar as perdas provocadas pela inflação. De acordo com o economista Chico de Oliveira, a partir do ano de 1957 o poder aquisitivo do salário real tendeu a decrescer. Na verdade, se o projeto desenvolvimentista da segunda metade da década de 1950 teve a virtude de elevar o Brasil ao patamar de uma economia predominantemente industrializada, contribuiu também para que a concentração de renda crescesse.
A equação econômica do período pode ser, com alguma simplicidade, traduzida pelo somatório de três variáveis: concentração da industrialização em bens de produção, em produtos de tecnologia cara e em bens de consumo duráveis de custo mais elevado para a população, aumento da inflação e elevado crescimento da dívida pública.
Finalmente, cabe lembrar que a onda desenvolvimentista, apesar do empenho de economistas como Celso Furtado, não chegou às áreas rurais. A propriedade latifundiária continuou a predominar no Brasil e a miséria a assolar a população camponesa. Juscelino afirmou, posteriormente, que o desenvolvimento econômico do campo, acoplado à justiça social seria seu principal objetivo, caso tivesse sido reeleito presidente. Profundas contradições permitem, portanto, definir o programa desenvolvimentista de JK como sendo mais econômico do que social e, por isso, compatível com o conceito de modernização conservadora.
O período no qual Juscelino exerceu a presidência da República foi precedido por uma crise política. O marechal Henrique Teixeira Lott teve de organizar um golpe preventivo para garantir sua posse. Foi sucedido por uma campanha moralista, levada à frente pelo candidato à presidência Jânio Quadros, que usou a vassoura como símbolo de combate à corrupção. Nenhum desses acontecimentos, todavia, modificou o perfil democrático do presidente Kubitschek, tanto no decorrer de seu mandato, como em períodos subseqüentes.
Nesse sentido, seu governo foi caracterizado por forte respeito às instituições e práticas democráticas, e marcado por projetos visionários que buscaram, mesmo que a custo elevado, a adoção de medidas que visavam a superação do atraso econômico brasileiro.

A Autora
Lucilia de Almeida Neves Delgado é professora de história de pós-graduação em Ciências Sociais da PUC-MG. Autora de: O comando geral dos trabalhadores no Brasil (1961-1964); Tancredo Neves: a trajetória de um liberal (co-autora); PTB: do getulismo ao reformismo (1945-1964).

JK cresce na comparação com sucessores

por Oscar Pilagallo
Juscelino Kubitschek é um presidente memorável. Construiu uma capital, criou uma indústria, foi carismático. O povo gostava dele e, se a reeleição fosse permitida na época, poucos duvidam de que teria um segundo mandato.Assim, não é à toa que candidatos a presidente gostam de se comparar a ele. A realidade, porém, é que a distância no tempo e a comparação com o que veio depois o tornaram melhor do que ele um dia efetivamente foi.
Um rápido passeio pela história do Brasil desde então demonstra a tese. JK foi sucedido em 1961 por Jânio Quadros, que não durou oito meses no cargo. Numa estabanação política, renunciou achando que voltaria com mais força e colocou o país na rota do caos.
Depois veio seu vice, Jango, com a instabilidade política que começou mesmo antes de assumir o governo. Refém dos esquerdistas que lhe garantiram a posse e pressionado pelos conservadores, pouco fez.
O golpe de 64 arrumou a economia em bases liberais, mas à custa da liberdade política. Após Castello Branco, que manteve um verniz democrático, Costa e Silva atirou o país na ditadura escancarada, com o AI-5 de 68. Sob Médici, o Brasil mergulhou na tortura, na censura, num porão do qual o "milagre econômico" serviu para desviar atenções. Geisel começou a reverter o quadro político, mas sua opção de política econômica deixou o país vulnerável ao segundo choque do petróleo, o de 1979. Figueiredo, na seqüência, pediu ao povo que o esquecesse - e foi atendido.
Com o fim da ditadura, Sarney tomou posse com a herança das promessas de Tancredo Neves. A economia desarrumou de vez com a hiperinflação.
Collor, o primeiro eleito em três décadas, sofreu impeachment, e seu vice, Itamar, não teve tempo para muita coisa. De mais expressivo, bancou o Plano Real, que garantiu a eleição de Fernando Henrique Cardoso.
FHC teve um primeiro mandato relativamente tranqüilo. O segundo foi uma seqüência de sobressaltos por conta da vulnerabilidade externa da economia. Lula, que se elegeu com discurso crítico, manteve a linha mestra da política econômica de seu antecessor. Na política, ainda enfrenta a crise noticiada nos jornais.
Assim, retrospectivamente, JK parece maior hoje do que foi em vida. Em seu governo, a inflação subiu e a construção de Brasília gerou acusações de corrupção. Em comparação ao que veio depois, porém, esses seriam apenas pecadilhos.

O início na política

No ativo prefeito de Belo Horizonte já se via a habilidade do futuro presidente
por Marcelo Cedro

A administração municipal do prefeito Juscelino Kubitschek na cidade de Belo Horizonte, no período de 1940 a 1945, pode ser identificada como condutora do processo de modernização da capital mineira, além de estar integrada ao ideário de progresso implementado pelo Estado Novo. O mandato municipal de JK foi o início de seu projeto político e administrativo, implementando nova maneira empreendedora e dinâmica de fazer política e que teria continuidade no governo de Minas Gerais (1951-1955) e na presidência da República (1956-1961). Seus três mandatos políticos são etapas que se integram ao seu projeto de modernidade.
Os empreendimentos realizados pela prefeitura contribuíram para a modernização da cidade e sua inserção no projeto político-cultural do Estado Novo; igualmente, as transformações estéticas, urbanas e culturais causaram grande impacto na sociedade belo-horizontina gerando grande identificação da população com o projeto modernizante de Juscelino Kubitschek.
O projeto urbano de JK era orientado a partir de diretrizes elaboradas pelos congressos internacionais de arquitetura moderna: ruas e avenidas largas, retas, iluminadas e pavimentadas simbolizando o progresso e permitindo a melhor circulação de automóveis, os quais eram novidade àquela época. A avenida Afonso Pena teve seu calçamento substituído por asfalto em apenas alguns dias; novas avenidas foram abertas e outras também foram asfaltadas.
Todavia, a remodelação urbana necessitou de desapropriações de moradores. Um desses exemplos é a desapropriação da pedreira Prado Lopes (área de moradia de grupos sociais menos favorecidos) para a construção do conjunto habitacional do Iapi, que atendia às necessidades de setores médios da sociedade. A construção dos bairros Sion, Cidade Jardim, Lourdes e Pampulha, além de dar roupagem moderna à capital mineira, também permitiu que áreas públicas se tornassem áreas privadas, já que tais bairros se tornaram habitados e freqüentados, na sua maior parte, pela elite local. Construções eram necessárias para que houvesse, além de bem-estar e progresso da cidade, um controle maior sobre a população, já que novas fachadas e construções impediriam que aglomerados humanos causassem distúrbios.
Não somente no patamar urbano estavam centralizados os empreendimentos do prefeito JK, mas também em obras sociais como a construção do Hospital Municipal (atual Odilon Behrens); do Restaurante Popular, do Cemitério da Saudade e do Lar dos Meninos. Na esfera cultural, a administração de Juscelino Kubitschek inseriu o modernismo em Minas Gerais ao incentivar as artes plásticas com a realização da Exposição de Arte Moderna em 1944, que reuniria pela primeira vez na capital mineira artistas de renome nacional e internacional vinculados à renovação e à ruptura.
As obras implementadas à frente da prefeitura de Belo Horizonte trouxeram melhorias para o desenvolvimento da cidade, remodelando-a totalmente, sendo que nos anos seguintes vários bancos e investimentos vieram a se estabelecer na capital mineira.

A construção da Pampulha, apesar de não ter sido idéia original de Juscelino Kubitschek, mas do prefeito anterior, Otacílio Negrão de Lima, ultrapassou o projeto inicial ao adquirir maior suntuosidade: um complexo arquitetônico, criado por Oscar Niemeyer, que se tornou marco artístico internacional, demonstrando a capacidade de JK de conciliar idéias antigas com seu dinamismo e espírito empreendedor. O entretenimento era incorporado ao cotidiano da elite, que, ao freqüentar o Cassino e a Casa do Baile, desfrutava de ambiente luxuoso. Contudo esses eram projetos excludentes, uma vez que a classe social menos favorecida não poderia freqüentar esses locais.
Juscelino Kubitschek criou um estilo próprio de administrar: audácia e rapidez no empreendimento de suas metas, além de uma constante fiscalização pessoal nos locais específicos de cada obra em andamento. Assim, ele implementou uma política municipal voltada para que a cidade, há 43 anos inaugurada, pudesse rumar em direção à sua modernização.
Entretanto, a modernidade empreendida por Juscelino que atingia a população em geral restringia-se à abertura de ruas e avenidas. Já para os mais abastados criou-se todo um complexo turístico de entretenimento e moradia. Contudo, deve-se ressaltar que progresso, desapropriações e segregação sócioespacial são conseqüências paradoxais da própria modernidade tardia.

MARCELO CEDRO é historiador, mestre em ciências sociais

O Homem que garantiu a posse de JK

por Pietra Stefania Diwan
Em 11 de novembro de 1955, no aeroporto de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek "apoiou os braços na mesa e chorou muito, na frente de seus assessores e dos jornalistas". Assim, o jornalista Wagner William narra em seu livro recém-lançado O soldado absoluto: uma biografia do marechal Henrique Lott (Editora Record), o desespero de JK quando sua eleição foi contestada, pondo em risco sua posse e o processo democrático. Para o final feliz dessa história, contribuiria no entanto a atuação do marechal Lott, então ministro da Guerra, cujo contragolpe a favor da legalidade é narrado em detalhes no livro de William.
Na época, o presidente interino Carlos Luz (que substituía Café Filho), afinado com a UDN de Carlos Lacerda, queria impedir a posse de JK, sob a acusação de fraude eleitoral. O coronel Mamede afirmava que a eleição fora a "vitória da minoria", defendia o golpe branco e tencionava colocar na presidência o general Fiúza de Castro. No entanto, o marechal Lott, embora subordinado de Mamede, articulou a resistência.
Desencadeada a crise, os golpistas embarcaram no cruzador Almirante Tamandaré e tentaram se dirigir a Santos, já que em São Paulo eram apoiados pelo general Eduardo Gomes. Porém, com a atuação decisiva de Lott, que conseguira o domínio das forças do sul do país, a posse de Juscelino Kubitschek seria garantida. Carlos Luz perdeu o cargo de presidente da Câmara dos Deputados e Carlos Lacerda, líder da UDN, foi obrigado a exilar-se na embaixada de Cuba.

O personagem por trás da História

por Frank de Oliveira

A minissérie JK, da Rede Globo de Televisão, transporta para a TV a biografia de um dos líderes mais marcantes da República. Um trabalho pleno de desafios, segundo a escritora Maria Adelaide Amaral, que, junto com uma equipe de roteiristas e pesquisadores, abraçou a tarefa de narrar a epopéia de Juscelino Kubitschek.
Entre as maiores dificuldades está a abrangência do assunto. Para Maria Adelaide, JK foi, das minisséries que escreveu, a que mais exigiu em termos de pesquisa. Além da consulta aos muitos livros de história, ela teve acesso a recortes de jornais, vídeos, discos e CDs fornecidos por colecionadores, sem contar as entrevistas com nomes como Oscar Niemeyer, Maria Elisa Costa (filha de Lúcio Costa), Antonio Carlos Magalhães, José Sarney e Paulo de Tarso Flexa de Lima.
Mas, apesar do apuro na pesquisa, Maria Adelaide lembra sempre que a minissérie é primordialmente entretenimento. Segundo ela, uma minissérie não é um documentário, mas sim teledramaturgia, e por isso mesmo recriação. "Na verdade tudo começa com Homero. Existiu Tróia? Existiram Príamo, Cassandra, Helena, Páris etc.?", pergunta. Para ela, o trabalho de reproduzir os fatos tais como aconteceram é tarefa de historiadores e especialistas. "O que a minissérie faz é despertar o interesse das pessoas por um personagem ou tema. o que não é pouco", aponta.
Além do desafio da pesquisa, há o outro de compor um personagem amado por muitos, mas que também teve seus defeitos. E a forma que Maria Adelaide encontrou para lidar com isso foi optar por mostrar o homem em vez do mito. "O JK da minissérie é um ser humano, que sofre, que se emociona, que vence e que perde", afirma. "O homem é sempre muito mais interessante. O mito é decorrência. E as pessoas só vão entender como o mito se criou depois de conhecerem o homem", conclui.


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JK, uma modernização conservadora

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