domingo, 4 de dezembro de 2005

A Internacionalização da Amazônia; Internationalization of Amazonia; Internationalisation de l’Amazonie

Caros Amigos,

Recebi ontem um email, de uma amiga querida, e fiquei surpreso ao ler seu conteúdo. O texto trazia a íntegra de uma matéria publicada nos jornais O Globo e Correio Braziliense datada de outubro de 2000. O título dizia o seguinte: "A Internacionalização da Amazônia".

A princípio pensei tratar-se de mais um texto ufanista, mas ao terminar de lê-lo pude sentir sua força com tamanha intensidade que precisei de alguns segundos até recuperar-me por completo. Depois pensei: "Por que estas informações não chegam à grande maioria da população?"

Não me considero defensor fervoroso do "Brasil, ame-o ou deixe-o!", mas às vezes o sangue de brasileiro fala mais alto. Este foi um desses momentos, pois precisamos agir como cidadãos do mundo, mas sem nos vendermos por qualquer bugiganga brilhante que teimam em querer nos empurrar como única opção. Há momentos em que devemos deixar o orgulho de ser brasileiro falar mais alto sim! Se querem nos comprar, que pelo menos paguem o devido valor! E com o devido RESPEITO!

Bom, acho que o texto falará mais do que qualquer palavra que aqui possa expressar. Então, boa leitura!

Abraços!

Juca

PS: O texto está redigido nas três línguas: francês, português e inglês.

Íntegra do texto publicado no site Ecoles Differentes:

"internationalisation de l'Amazonie"? La réponse du ministre brésilien de l'Éducation

Au cours d’un débat dans une université américaine en mai 2000, le futur-ex-ministre brésilien de l’Éducation, Cristovam Buarque (nommé en janvier 2003, et remplacé un an plus tard à ce poste par Tarso Genro, ancien maire de Porto Alegre) fut interrogé à propos de l'idée d' internationalisation de l’Amazonie.
Un jeune Américain lança le débat en disant qu’il espèrait la réponse d’un humaniste et non pas celle d’un Brésilien.
Publiée par O Globo le 23 octobre 2000, sa réponse a été reprise depuis par de nombreux journaux brésiliens et étrangers.

"En effet, en tant que Brésilien, je m'élèverais tout simplement contre l'internationalisation de l'Amazonie. Quelle que soit l'insuffisance de l'attention de nos gouvernements pour ce patrimoine, il est nôtre.

En tant qu'humaniste, conscient du risque de dégradation du milieu ambiant dont souffre l'Amazonie, je peux imaginer que l'Amazonie soit internationalisée, comme du reste tout ce qui a de l'importance pour toute l'humanité.
Si, au nom d'une éthique humaniste, nous devions internationaliser l'Amazonie, alors nous devrions internationaliser les réserves de pétrole du monde entier.
Le pétrole est aussi important pour le bien-être de l'humanité que l'Amazonie l'est pour notre avenir. Et malgré cela, les maîtres des réserves de pétrole se sentent le droit d'augmenter ou de diminuer l'extraction de pétrole, comme d'augmenter ou non son prix.

De la même manière, on devrait internationaliser le capital financier des pays riches. Si l'Amazonie est une réserve pour tous les hommes, elle ne peut être brûlée par la volonté de son propriétaire, ou d'un pays.
Brûler l'Amazonie, c'est aussi grave que le chômage provoqué par les décisions arbitraires des spéculateurs de l'économie globale. Nous ne pouvons pas laisser les réserves financières brûler des pays entiers pour le bon plaisir de la spéculation.

Avant l'Amazonie, j'aimerais assister à l'internationalisation de tous les grands musées du monde. Le Louvre ne doit pas appartenir à la seule France .
Chaque musée du monde est le gardien des plus belles oeuvres produites par le génie humain. On ne peut pas laisser ce patrimoine culturel, au même titre que le patrimoine naturel de l'Amazonie, être manipulé et détruit selon la fantaisie d'un seul propriétaire ou d'un seul pays.
Il y a quelque temps, un millionnaire japonais a décidé d'enterrer avec lui le tableau d'un grand maître. Avant que cela n'arrive, il faudrait internationaliser ce tableau.

Pendant que cette rencontre se déroule, les Nations Unies organisent le Forum du Millénaire, mais certains Présidents de pays ont eu des difficultés pour y assister, à cause de difficultés aux frontières des États-unis.
Je crois donc qu'il faudrait que New York, lieu du siège des Nations Unies, soit internationalisé. Au moins Manhattan devrait appartenir à toute l'humanité. Comme du reste Paris, Venise, Rome, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, chaque ville avec sa beauté particulière, et son histoire du monde devraient appartenir au monde entier.

Si les États-unis veulent internationaliser l'Amazonie, à cause du risque que fait courir le fait de la laisser entre les mains des Brésiliens, alors internationalisons aussi tout l'arsenal nucléaire des États-unis. Ne serait-ce que parcequ'ils sont capables d'utiliser de telles armes, ce qui provoquerait une destruction mille fois plus vaste que les déplorables incendies des forêts brésiliennes.

Au cours de leurs débats, les actuels candidats à la Présidence des États-unis ont soutenu l'idée d'une internationalisation des réserves florestales du monde en échange d'un effacement de la dette.
Commençons donc par utiliser cette dette pour s'assurer que tous les enfants du monde aient la possibilité de manger et d'aller à l'école.
Internationalisons les enfants, en les traitant, où qu'ils naissent, comme un patrimoine qui mérite l'attention du monde entier.
Davantage encore que l'Amazonie.
Quand les dirigeants du monde traiteront les enfants pauvres du monde comme un Patrimoine de l'Humanité, ils ne les laisseront pas travailler alors qu'ils devraient aller à l'école; ils ne les laisseront pas mourir alors qu'ils devraient vivre.

En tant qu'humaniste, j'accepte de défendre l'idée d'une internationalisation du monde.
Mais tant que le monde me traitera comme un Brésilien, je lutterai pour que l'Amazonie soit à nous. Et seulement à nous !"



O Globo 23/10/2000 Opinião

Durante debate recente em uma Universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do Distrito Federal e ex-Ministro da Educação, Senador Cristovam Buarque, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.

O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro.

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia.
Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade.

Se a Amazônia, sob uma óptica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.
O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro.
Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado.
Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um País.

Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo.
O Louvre não deve pertencer apenas a França.
Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano.
Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um País.

Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre.
Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA.

Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada.
Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade.
Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA.
Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Nos seus debates, os atuais candidatos a presidência dos EUA tem defendido a idéia de internacionalizar a s reservas florestais do mundo em troca da dívida.

Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de COMER e de ir a escola.
Internacionalizemos as Crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.
Ainda mais do que merece a Amazônia.

Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa.
Só nossa!"



During a lecture in one USA University, the former governor of Brasilia , Cristovam Buarque, was questioned his thoughts concerning the internationalization of Amazonia forest.
The young American man, introduced the question saying that he was expecting an answer from one humanist and not from one Brazilian.

This was the given by Mr. Cristovam Buarque:

" In fact, as a Brazilian I would simply talk against the internationalization of Amazonia forest.
However our governors have not the due care with this patrimony, it is ours.

As humanist, feeling the risk of the environmental degradation suffered by the Amazonia region, I can imagine its internationalization, as also the internalization of all the other things which have importance for the humanity.

If Amazonia, under an humanist ethics, must to be internationalized, we will also internationalize the oil reserves around the world. The oil is so important for the welfare of humanity as much as Amazonia for our future. Despite of that, the owners of the oil reserves feel themselves with the right of increase or not its price. In the same way, the financial capital of the rich countries should be internationalized.

If Amazonia is a reserve for all human beings, it cannot be burned by the desire of one owner, or one country. To burn Amazonia forest is as serious as the unemployment provoqued by the arbitrary decisions of the global players. We cannot allow that the financial reserves work for burning entire countries in the voluptuousness of the speculation.

Even before of Amazonia forest, I would like to see the internationalization of all big museuns of the world.
The Louvre must not belong only to France.
Each of the world is a guardian of the most beautiful pieces produced by the human kind.One cannot let this cultural patrimony, as the natural Amazonic patrimony, be manipulated and destroyed by the desire of an owner or of a country. It was not long time ago, that a milionaire Japanese, decided to be buried together with him a picture of a great maester. Before of that, the picture should be made internationalized.

During this meeting, the United Nations are realizing a Forum of the Millenium, but presidents of some countries had difficulties to be present because of embarrassment in the USA frontiers.
Because of that, I think that New York, as the headquarter of United Nations, must to be internationalized. At least Manhattan should belong to the whole humanity. As well as Paris, Veneze, Rome, London, Rio de Janeiro, Brasilia, Recife, each town with its specific beauty, its history of the world, must belong to the entire world.

If the USA want to internationalize Amazonia forest, because of the risk of let it in Brazilians hands, we all will internationalizate the nuclear arsenal of USA. Even because the Americans already demonstrate that they are able to use those weapons, provoquing a destruction thousands of times bigger than the sorrofull forest fires made in Brazilian forests.

In their debates, the actual candidates to the USA presidence have being defending the idea of internationalizate the forest reserves of the world in exchange of the external debit.

We start using this debit to guarantee that each child of the world have possibility to eat and go to school.
We will internationalizate the children, treating them, all of them, does not matter in which country they were born, as a patrimony which deserves care of the entire world.

Even more than what Amazonia forest deserves.
When the managers treat the poor children of the world as an humanity patrimony, they will not allow them to work when they should be studing, that they die when they should live.

As an humanist, I accept to defend the internationalization of the world.
But while the world treat me as Brazilian, I will fight for that Amazonia forest continues to be ours. Only ours!
--------
Ps. This matter was published in the New York Times /Washington Post Today and in the main newspapers of Europe and Japan, in August 2001.

3 Recado(s). Após o sinal, deixe o seu!:

Anônimo

A Amazônia é nossa! Se ela ainda existe é porquê mesmo com toda a falta de cuidado e fiscalização, ainda assim não a destruímos por completo. Que direito os países têm sobre nossa floresta se eles têm suas próprias e não foram capazes de cuida-las, e agora querem o que é nosso? Ora, os países ricos destruíram suas florestas em nome da ganância e "desenvolvimento", seriam eles dignos de cuidar do que é genuínamente brasileiro? O quê eles querem é lucrar com a diversidade de flora e fauna que a Amazônia dispõe, que com certeza ainda abriga muitas espécies desconhecidas e que certamente terão muita utilidade futuramente tal como lucratividade. Além de a floresta ser nossa, apenas nossa, somos nós que precisamos dela e não os países ricos. A floresta Amazônica é nossa sim senhor, com muito orgulho, brasileira como eu, e sendo nós filhos da mesma terra, não vamos deixar de lutar pelo que amamos e por o que somos. Brasil!

Dulce Miller

Meu amigo Juca...Independentemente do que fizerem com a nossa Amazônia, o fato é que estão acabando com ela. Passam-se os anos com denúncias e prisões, e a depredação e desmatamento continuam! Isso realmente me deixa muito triste, em saber que os próprios homens não se importam com o futuro do nosso planeta! Sinto-me completamente impotente, como se estivesse assistindo a uma tragédia anunciada, de braços cruzados...

Lusófona

Pois é, esse texto rodou na internet, eu também o recebi.

Vindo de quem vem, espero tudo, os E.U.A tem a mania do imperialismo... não posso nem um bocado com isso, intrometem-se em tudo e com todos, acham-se no direito de passar por cima da ONU, não assinam o tratado de Kioto e acahm-se capazes de cuidar da amazónia... podem até ser, mas eles querem é ter mais acesso para comercializar as ervas para os fármacos, isso sim...

Beijos querido

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