sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Vida Familiar: O Pai Pode e Deve Fazer-se Mais Presente!!

Muito interessante esta matéria. Mostra que o homem pode e deve participar mais ativamente dos cuidados diários das crianças. Afinal, a mulher tem participação cada vez maior na geração da renda familiar, o que a obriga ficar mais tempo longe de seus filhos. Natural então que o pai passe a dividir melhor seu tempo com os filhos.
Essas mudanças são benéficas para toda a família: a mãe pode ter um pouco mais de tempo para si, o que fará com que sua auto-estima melhore; o pai passará a sentir a criança mais de perto, o que melhora significativamente sua qualidade de vida e o vínculo afetivo entre ambos; e a criança principalmente sai ganhando, pois passará a ter seu tempo dividido de forma mais equilibrada pela presença do pai e da mãe.
Mesmo assim, deve-se atentar para a distinção dos papéis, sem exageros de ambos os lados.
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Abraços!
Juca
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Matéria Completa:
Meu Nenê Online
Vida familiar:
Quando o papai vira mamãe
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Hoje em dia não é difícil encontrar o homem cuidando dos filhos no lugar da mulher. E eles se saem muito bem.
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Daniela Venerando
"É uma curtição cuidar da Camila. Faço isso porque quero dar a ela o melhor.
Sou pai quando é preciso, mas meu desejo é ser um amigo para minha filha"
Silvio Frias, pai de Camila, 2 anos
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Se alguém pergunta a Valéria de Campos, 38 anos, quando vai se animar a ter o segundo filho, ela logo dispara: "Quem decide é o meu marido, Silvio. Afinal, o trabalho vai sobrar para ele". É isso mesmo. Cada vez mais os pais estão participando dos cuidados e educação dos filhotes e não raramente tomam para si a maior parte da responsabilidade. São os chamados pais-mães. A entrada da mulher no mercado de trabalho mudou a estrutura familiar e acabou provocando nos homens uma necessidade de ocupar novos espaços. O homem também está descobrindo - felizmente - que seu papel vai muito além do sustento da família.
Uma tese defendida em 2002 por Luciana Castoldi, doutora em psicologia do desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), analisou esse novo perfil masculino. Em sua tese "A construção da paternidade, da gestação ao primeiro ano do bebê" ela estudou o relacionamento de 116 casais "grávidos", que foram acompanhados desde o último trimestre de gestação até o primeiro ano de vida dos seus nenês. O que ela descobriu é que os pais com um perfil um pouco mais tradicional encaravam seu papel apenas como provedor. Já os abertos às novidades desejavam participar mais efetivamente das emoções da maternidade. "As futuras gerações, certamente, serão mais parecidas com esse segundo modelo", diz Luciana.
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Xixi, mamadeira e uniforme
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O dia-a-dia de Silvio Ricardo Frias, 39 anos, é o mesmo do cotidiano de muitas mulheres que acumulam a jornada dupla de trabalho. Ele é corretor de imóveis autônomo e tem mais flexibilidade com relação aos horários. Já sua esposa Valéria, gerente de uma indústria farmacêutica, tem uma carga horária tão pesada que nem permite que ela veja a filha Camila, de 2 anos, na parte da manhã. Assim começa o ritual diário do pai-mãe: acorda Camila, a leva ao banheiro para fazer xixi, dá a mamadeira, prepara o uniforme, penteia seu cabelo e, por fim, leva a menina à escola. Vai trabalhar e volta para pegá-la às 18 horas. Em casa, prepara o jantar para as duas mulheres de sua vida. Quando Valéria chega do serviço, os dois assumem as brincadeiras com a filha. Acriança já sabe quem faz determinados papéis. Camila já está acostumada com este ritmo. "De madrugada, quando eventualmente acorda, ela grita pelo pai. Mas à noite, quando a mãe chega, ela só quer ficar com minha esposa", conta Silvio.
Valéria afirma que esta decisão surgiu naturalmente. Como ele tinha mais tempo disponível, ficou com a responsabilidade. Silvio tem uma afinidade enorme com os pequenos. O casal conversa demais sobre a educação de Camila e garante que tudo é decidido de comum acordo. Se o pai dá uma bronca, a mãe sustenta a atitude e vice-versa. Uma das poucas discordâncias entre o casal foi quanto à decisão de tirar a fralda. Mesmo sem usá-la na escola, Camila continuou com ela à noite. Valéria queria fazer o mesmo em casa, mas Silvio discordou. Achou a medida precipitada e, como era inverno, não julgou apropriado. Valéria cedeu. Sobre a dupla jornada, Silvio se desmancha: "É uma curtição cuidar da Camila. Faço isso porque quero dar a ela o melhor, e por amor a Valéria. Sou pai quando é preciso e desejo muito ser um amigo da minha filha", diz.
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Assistindo futebol juntos
Daniela Venerando
"Sair da condição de filho para ser pai é uma experiência diferente.
É legal saber que você está ligado àquela pessoa para sempre e
é responsável por ela. Estou sempre presente."
Jefferson de Lima, pai de Nina, 2 anos
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A bebê Camila, de 7 meses, tem basicamente o mesmo ritmo de sua xará mais velha. Seu pai, o americano Valdi Ivancic, passa o dia todo com ela, já que administra remotamente sua empresa de tecnologia na Califórnia, Estados Unidos. Amãe Sheila Scodiero trabalha fora e não tem condições de cuidar do dia-a-dia da pequena. Ele troca a fralda, fica de olho nela no chiqueirinho e cuida da alimentação. Juntos, assistem jogos de futebol pela TV - que ela adora, garante ele -, ouvem música e riem juntos. Ele conversa muito com ela principalmente quando chora. "Mesmo sabendo que Camila ainda não compreende as palavras, percebo que se acalma e assim sabe que eu gosto de cuidar dela. O importante é transmitir amor", diz o pai. Valdi acha essencial a participação do pai nos cuidados e educação de um filho. Acredita que toda criança precisa dos modelos paternos e maternos. Se o pai não estiver presente, essa figura pode ser suprida pelo avô ou um tio. "Acho que os homens também deveriam ter o direito da licença-paternidade para acompanhar os primeiros meses do filho", afirma.
Para a psicóloga Ceres Alves de Araújo, essa nova conformação familiar só tem pontos positivos. "O pai tem condições de exercer a maternidade assim como a mãe. É claro que, fisiologicamente, a mulher está mais preparada porque amamenta, além da presença dos hormônios femininos, que ajudam a prepará-la para exercer seu papel. No entanto, a criança se acostuma com o esquema e percebe quem cuida dela. Não importa se é a babá, o pai, o avô ou o tio", acredita. Em outras palavras, a criança tem uma enorme capacidade de adaptação. Não apresenta resistências nem preconceitos. Se há afeto, ela se sente assistida e amada.
E o novo papel da mãe, como fica nesta história? Segundo a psicóloga Ceres, a mãe também só tem a ganhar, assim como a criança. O primeiro filho é um desafio muito grande para os pais. As mães ficam angustiadas de tomar tudo para si. Agora é possível haver troca de idéias e dúvidas. É um avanço a mãe poder tirar o peso todo das costas e ter a possibilidade dividir a tarefa com o marido. Jefferson Alves de Lima, 30 anos, produtor musical, é pai de Nina, de 2 anos. Foi ele quem deu o primeiro banho na recém-nascida porque a mulher ficou receosa.
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Até massagem para cólica
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Quando Nina nasceu, Jefferson trabalhava em casa e isso facilitou sua participação nos primeiros 10 meses da vida de Nina. Era ele quem dava banho, trocava fraldas, a colocava para dormir, fazia massagem contra cólicas, revezava com a mulher para acordar no meio da madrugada e até aprendeu a trocar as fraldas sem o bebê acordar. "Sair da condição de filho para ser pai é um experiência completamente diferente. É legal saber que você está ligado àquela pessoa para sempre e é responsável por ela. Procuro estar presente o maior tempo possível." A esposa está grávida de quatro meses do segundo filho e Jefferson garante: "Vou fazer tudo de novo".
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"Converso muito com o nenê, principalmente quando está
chorando, mesmo sabendo que ela não entende. O importante
é transmitir todo meu amor e percebo que ela se acalma."
Valdi Ivancic, pai de Camila, 7 meses
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O lado negativo dessa história pode acontecer quando o pai substitui o papel de mãe e esquece de sua figura paterna. É o que alerta a psicóloga e professora titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), Sandra Dias. Ela não está totalmente convencida dos benefícios trazidos à criança e alerta sobre o perigo de banalizar o papel de cada um. "O pai é aquele que deve apresentar a criança ao mundo. Ou seja, quem vai tirá-la do domínio materno para socializá-la. Se ele simplesmente substituir a mãe, a criança corre o perigo de perder a figura paterna e assim terá dificuldades em encontrar seu lugar na sociedade", acredita a psicóloga.
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Convívio diário é essencial
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Ela enfatiza, inclusive, que não é só porque o pai troca fraldas, faz dormir e dá mamadeira que pode se considerar participativo. Em sua opinião, não importa quem faz isso, porque a criança até um ano de idade reconhece praticamente apenas a mãe. Segundo a especialista, o pai terá seu papel mais marcado quando a criança começar a usar sua linguagem como expressão. "O principal é o pai não deixar de exercer o seu papel. É aquele que vai dar o rumo na vida da criança e, na maioria das vezes, cobrar 'você está indo bem na escola?' ou 'você fez o que a mamãe pediu?'", defende. Em estudos preliminares, ela percebeu que muitos pais que assumem o cuidado do filho acabam tendo dificuldade em dividir as atenções dele com outras pessoas. Já a mãe, acostumada com este papel, não esquece sua figura de mulher e sabe partilhar seu amor entre os filhos e o marido.
A posição do sexo masculino na sociedade mudou e isso se reflete no seu comportamento como pai. Agora ele divide o sustento da casa com a mulher e estão abertos para dar e receber afeto. É o caso de Daniel Fernandes Ogando, 27 anos, separado há 1 ano e meio. Ele e a mulher passaram por cima das desavenças em benefício do filho Júlio, de 3 anos. "Não queria me contentar com o padrão de vê-lo um fim de semana sim e outro não. Acho essencial o convívio diário. Por isso eu e minha ex-mulher fizemos uma acordo, no qual vejo meu filho com muito mais freqüência", conta. Quando Julio vai pra casa do pai, Daniel cumpre todas as obrigações. Apanha ele na escola, faz o jantar, brincam e o coloca para dormir. "Eu peguei gosto pela coisa", completa.

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